segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dança bobinho, dança!


Rodrigo Faro (ao centro) dançando Beyoncé
Hoje em dia a busca por uma renovação por parte das emissoras é cobrada insistentemente pela mídia e telespectadores. Buscar o novo, sem copiar a fórmula do vizinho, é um dos grandes desafios que povoam as reuniões dos executivos de TV. Mas até que ponto pode chamar uma simples mudança de renovação?
Algumas emissoras alardeiam para os quatro ventos que criaram isso, inventaram aquilo ou desenvolveram esse ou aquele programa, quadro ou formato. Fazem dos telespectadores palhaços e imbecis que são passados para trás com qualquer desculpinha esfarrapada. Mas esquecem que são pegos no próprio erro, pois na TV nada se cria, tudo se copia, São Chacrinha já dizia. É a realidade, infelizmente.
Desde que passou a substituir Márcio Garcia no comando do “Melhor do Brasil”, o até então ator Rodrigo Faro virou sensação nas tardes de sábado da TV brasileira. Com uma informalidade, malícia e desenvoltura que faltavam a Márcio, Faro vem roubando a cena, chamando a atenção e causando. Garantindo boa audiência, virou o queridinho do mercado publicidade e é sucesso de público e crítica. Definitivamente 2010 é o seu ano.
Com seu molejo pra lá de sensual e um carisma de poucos, Rodrigo coloca qualquer dançarina de axé no bolso. No começo, por ser uma novidade, nem tão nova assim, foi muito bem elogiado e aceito. Era o marco do programa, esperar a famosa performance do apresentador virou questão de obrigação para quem o acompanhava. Mas, como já diz o ditado, tudo demais é excesso, e a Record mais uma vez pecou ao fazer uma estripulia em cima das dançinhas do moço.
O que tinha tudo para ser o grande chamariz do programa por um bom tempo desgastou-se rapidamente e virou algo nitidamente chato, enfadonho e repetitivo. A espontaneidade perdeu espaço para o excesso e o apelativo. No começo foi legal, foram felizes pela boa sacada, mas e agora? Agora perdeu a graça, precisam se reciclar.

Rodrigo Faro ao lado de Pirulito dançou e dublou Chitãozinho e Xororó
É necessária uma reforma na atração, o programa tem duração de quatro horas, sendo que nas duas primeiras horas não vem conseguindo superar o seu concorrente no horário, o veterano Raul Gil. Entre 17h e 19h, horário em que os dois duelam, a vantagem vem sendo do SBT. Vantagem essa que já dura há alguns sábados. Depois, tem nas suas duas últimas horas o melhor momento, onde atinge picos de 13 e 14 pontos, é quando o apresentador faz suas dançinhas. Sem contar que dividiram o programa em duas partes, intercalando-o com o “Jornal da Record”, uma estratégia biruta no mínimo. Os picos que antes batiam na casa dos 20, 21 e até 23 pontos, deixaram de acontecer. Hoje se der 15 tá de bom tamanho, olhe lá se der 16. No último sábado (16/10), o programa fechou com 8 pontos, média bem aquém dos 14 que chegaram a registrar. Algo ali não funciona como antes.
Investir em quadros, convidados e em externas é um caminho, visto que capacidade é o que não falta ao apresentador. Apoiar-se nas danças que já não chamam tanta atenção como antes é um erro que pode custar muito caro daqui pra frente. Basta a Record ter um pouco de ousadia e por a cara pra bater, chega de se conformar com pouco, partam pra luta, mas talvez isso é pedir demais.    
Ao apresentador, cabe personalidade pra expor o que pensa e o que gostaria de fazer, viver como um boneco de ventríloquo, literalmente, não é uma postura que seus fãs aguardam. Repito capacidade e talento não é o problema, basta ousadia e vontade.

Em um dos auges do programa, Faro dançou Lady GaGa
Quando Rodrigo Faro tomar coragem para mostrar o verdadeiro apresentador que tem dentro de si, com a clara e única intenção de proporcionar o melhor para quem o acompanha, deixando de lado as regrinhas e compassos ditados pela Record, aí sim a história pode mudar de rumo.
Até lá, caso se sinta satisfeito com o atual momento, fazer o que? Continue a rebolar. Gosto não se discute. Nem personalidade se adquire da noite pro dia.
Afinal, dança bobinho, dança!

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