“Amor e Revolução” estar no ar há pouco mais de uma semana e já faz ferver os bastidores da televisão.
A Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica (ABMIGAer), em documento divulgado na internet, organiza um abaixo assinado para tirar a novela de Tiago Santiago do ar. Até agora conta com apenas 300 assinaturas e se diz “caráter urgentíssimo”.
José Luiz Dalla Vecchia, secretário da ABMIGAer, acusa a emissora de ter fechado acordo com o Governo Federal para que o folhetim levantasse a bandeira da Comissão da Verdade – que pretende esclarecer casos de violação de Direitos Humanos ocorridos entre 1946 e 1988. E isso fica explícito nesta parte do documento: “Parece-nos que se trata de um acordo firmado com o empresário Silvio Santos, visando o saneamento do Banco Panamericano. As Forças Armadas não devem permitir que tal novela seja exibida.”.
O autor da novela, informou, no entanto, que o projeto de "Amor e Revolução" já existe há 15 anos e quando começou não sabia quem iria ganhar (Dilma) ou perder (Serra) as eleições de 2010, muito menos quem seria candidato. Tiago diz ainda que pretende ser o mais imparcial possível, tentando mostrar os dois lados da moeda. Entretanto nos depoimentos que vão ao ar no final da novela observa-se o contrário: são pessoas falando mal da ditadura e das forças armadas, o quanto sofreram, “sem que mostre o lado dos militares, as justificativas de quem deu o golpe”. A produtora da novela, Bruna Mathias, que organiza esses depoimentos, já tem 70 vídeos de pessoas que foram torturadas. Já o número de discursos da direita é inexpressivo: apenas dois. “E não são com os cabeças”, diz Bruna.
O coronel Gélio Fregapani, que integrou o antigo SNI (Serviço Nacional de Informações, agência de inteligência criada em junho de 1964), confirmou ao JT que também foi convidado pelo SBT para colaborar com o folhetim, mas não aceitou. “Estamos num momento em que temos confusões internacionais, logo virá uma guerra mundial e essa novela está reavivando uma ferida que só irá colaborar para a desunião”, disse ele. E completou, dizendo que “a forma do exército se manifestar nunca foi fazendo abaixo-assinado. E, sim, colocando os tenentes na rua e isso não seria o caso.”.
Outro general, o Durval Antunes Machado Pereira de Andrade Nery, que participou da cerimônia de concessão da TVS à Silvio Santos, diz que a novela faz um retrato negativo das forças armadas, que dominaram o país na década de 60. Para ele, é “sem sentido uma empresa falida, pertencente a um homem que já foi do governo militar, mostrar que as Forças Armadas não prestam”. Segundo Nery, a novela “não mostra que os guerrilheiros também saqueavam, sequestravam e hoje estão aí impunes, em cargos públicos”.
O SBT preferiu ficar inerte e não comentar o caso.
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