sábado, 15 de janeiro de 2011

Ator Marcos Breda fala de seu Personagem em ‘Amor e Revolução’

Quando foi chamado para integrar o elenco de Amor e Revolução, do SBT, Marcos Breda sentiu que tinha certa proximidade com a temática abordada pela novela: a ditadura no Brasil. Filho de militar, Marcos era um garoto na época do Golpe de Estado de 64, mas têm nítidas lembranças daquele período. “Meu pai era da Aeronáutica e sumiu de casa. Eu era garoto, mas sentia aquela sombra estranha pairando no ar”, contou. Além disso, ele já tevê a oportunidade de abordar o assunto em outros trabalhos, como na peça Bailei na Curva, de Julio Conte, que falava sobre os efeitos do Golpe em um grupo de crianças de Porto Alegre. Com previsão de estreia para março, o segundo trabalho do autor Tiago Santiago no SBT vai focar na luta armada, no movimento estudantil e na perda de familiares assassinados e desaparecidos. Na trama, Marcos dará vida a Carlo, um preso político. “Ele é um personagem símbolo daquela época, que foi barbaramente torturado na prisão. Isso aconteceu com muitas pessoas depois de 64″, destacou.
A ideia inicial do diretor da novela, Reynaldo Boury, era de que Marcos ficasse com um dos papéis principais da trama. Porém, ele já estava comprometido com as filmagens de um longa-metragem. A solução para ter o ator no folhetim foi convidá-lo para fazer uma participação especial nos primeiros dez capítulos. “Seria impossível fazer a novela inteira. Em março eu já teria de estar no ‘set’ de Os Senhores da Guerra, filme dirigido pelo Tabajara Ruas”, explicou. Mesmo sendo apenas uma participação, Marcos ficou instigado com a importância do personagem na história. “A tragédia pessoal dele desencadeia outras tantas histórias dentro da novela”, adiantou.
Nos estúdios do SBT, em São Paulo, a produção da novela já trabalha em ritmo intenso. O elenco está tendo aulas e palestras sobre o período da ditadura militar. Para Marcos, integrar os atores ao contexto histórico é essencial no processo de composição dos personagens. Para dar forma aos tipos que interpreta, Marcos costuma mesclar o texto e as informações do autor e do diretor, com suas referências pessoais. “Ao contrário do cinema e do teatro, na televisão você vai construindo essa história aos poucos. No caso do Carlo, já li o roteiro e estou tendo algumas ideias”, revelou.
Em 2011, o trabalho em Amor e Revolução é único compromisso de Marcos com a televisão. As gravações vão até o fim de fevereiro. Após isso, ele passa três meses no interior do Rio Grande do Sul dedicando-se às filmagens de Os Senhores da Guerra. “Quero fazer teatro, mas ainda preciso ver se vou ter tempo de conciliar com o cinema”, confessou. Porém, o maior projeto do ator para este ano é levar um texto do autor Caio Fernando Abreu para Nova Iorque. “Isso deve acontecer no final do ano. A ideia é traduzir o texto para o inglês e apresentá-lo no circuito ‘Off- Broadway’”, empolgou-se.
Com uma carreira extensa nos palcos, no cinema e na televisão, está é a segunda vez que Marcos trabalha no SBT. Em 1994, ele participou da novela As Pupilas do Senhor Reitor. O ator se diz satisfeito em ver a emissora investindo em produções nacionais. “É uma excelente iniciativa. O mercado de teledramaturgia brasileira está crescendo e os profissionais ganham com isso”, analisou Marcos, que também já passou por várias emissoras como a extinta Manchete, Record, Band e Globo. Nesta última, ele trabalhou em tramas de sucesso como Que Rei Sou Eu?, de 1989, e Caras & Bocas, que foi ao ar em 2009. “Essa concorrência é positiva até para a Globo. Isso faz o que ela não se acomode e tenha de se reinventar sempre”, argumentou.

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