quinta-feira, 12 de agosto de 2010

'Ribeirão do Tempo' tem história monótona e não levanta audiência

Arcângela Mota


Ribeirão do Tempo é uma novela com potencial. Tem histórias interessantes, bom acabamento e elenco convincente. Mesmo assim, a trama de Marcílio Moraes não tem alcançado resultados satisfatórios na Record. Oscila na casa de inexpressivos nove pontos de audiência e chegou até a perder algumas vezes para a mofada A História de Ana Raio e Zé Trovão, produzida em 1990 pela Manchete e atualmente reprisada pelo SBT. Após dois meses e meio no ar, Ribeirão deixou a desejar no ritmo e não tem a agilidade que se espera de uma história que envolve assassinatos misteriosos, conspirações políticas e uma série de dilemas amorosos.



O pacato clima interiorano parece ter contaminado vários núcleos da novela. Nos primeiros capítulos, a produção impressionava com belas tomadas aéreas, adrenalina de esportes radicais e ações misteriosas dos personagens. Agora, sobram diálogos monótonos e romances insossos. Como o caso extraconjugal de Célia com Valter, de Mônica Torres e Victor Fasano, o casamento de Ellen e Silvio, de Aline Borges e Rodrigo Phavanello, ou o namoro de Tito e Karina, de Ângelo Paes Leme e Juliana Baroni. Os dois últimos, protagonistas da história, parecem muitas vezes esquecidos na trama. E não é raro que se passem capítulos sem que a personagem de Juliana Baroni sequer dê o ar da graça. E sem fazer falta.



Quem vem garantindo um bom espaço na novela são os atores mais jovens. No núcleo infantil, Letícia Medina e Caio Vydal têm cada vez mais destaque com o incipiente romance entre Diana, uma menina que se passa por menino, e Guilherme, um garoto que fica com fama de gay na cidade após ser visto beijando o suposto amigo. Assim como eles, Louise D'Tuani e Vitor Facchinetti também fazem um bom trabalho como um casal de adolescentes que namora escondido por causa da rivalidade entre suas famílias. E protagonizam, ao lado da inusitada dupla Arminda e Joca, de Bianca Rinaldi e Caio Junqueira, os relacionamentos mais interessantes da fictícia cidade de interior.



Enquanto as conspirações políticas e as tramas relacionadas aos crimes na cidade caminham lentamente, algumas histórias divertidas começam a surgir. A aproximação entre o bêbado pintor Querêncio, de Taumaturgo Ferreira, e a austera Madame Durrel, de Jacqueline Laurence, por exemplo, tem rendido boas piadas e um pouco mais de graça para a novela. E promete dar uma chacoalhada na história, já que o pintor é o filho abandonado que a empresária voltou para procurar em Ribeirão. Trama que, se desenvolvida com a agilidade que falta ao resto da história, talvez ajude a novela da Record a não fazer mais feio na briga pela vice-liderança no horário.



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