No ar desde abril, “Macho man” se afirmou como uma das mais originais produções da temporada na linha de shows da Globo. Uma de suas grandes qualidades é também seu principal desafio: tudo é compacto. O roteiro prescinde de rodeios, foca numa única trama por vez. Há apenas dois cenários principais, o salão de cabeleireiros e a casa dos protagonistas, Valéria (Marisa Orth) e Zuzu (Jorge Fernando). A produção se garante dependendo do texto afiado e das interpretações. Nada de tantas plumas, portanto. Não parece, mas “Macho man” é minimalista.
Apesar de flertar com a chanchada, a série convida à introspecção, trata de sentimentos. Com humor, ok, mas sem muita leveza. Num dos mais recentes episódios, por exemplo, Valéria confidenciou às clientes no lavatório: “Acho sexo um saco. Eu gosto é de homem, e homem gosta de sexo. Sexo torna os homens satisfeitos e as mulheres, inseguras”. E seguiu filosofando: “O homem tem o sexo pra fora, é opressor. A mulher é a oprimida”. Neste momento, Zuzu, indignado, se intrometeu: “Transei com mulher uma vezinha só e deu pra sacar porque tem tanto homem virando gay: vocês valorizam demais essa ‘Britney’ de vocês”.
A querela sexista com frasismo inspirado é o motor desse programa meio azedinho e feito para rir. É a marca do peso da mão de Fernanda Young e Alexandre Machado, o casal que mais sabe falar de casais na TV. No mais, viva o talento de Marisa Orth e Jorge Fernando, dupla que vem fazendo uma festa.
KOGUT
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