Passam-se anos e as receitas dos bolos mais tradicionais permanecem as mesmas. Assim é Malhação, da Globo. Com uma renovação de atores, gírias, figurinos, cenários e pequenas alterações de tramas, há 16 anos a novelinha adolescente continua retratando os temas básicos com os ingredientes que sempre despertam o interesse de todos os jovens: drogas, métodos anticoncepcionais, gravidez na adolescência, relações com os pais. No entanto, o que faz com que a produção resista por tantos anos no ar é também o interesse da Globo em manter uma espécie de escola de atores onde diretores, autores e produtores de elenco possam acessar, com facilidade, novos talentos que se destacam no folhetim e preencher seus castings.
Dentre as boas apostas desta 18º temporada está a protagonista Daniela Carvalho. Aos 25 anos e interpretando uma personagem de 18 – a mocinha frágil Catarina -, a atriz de Itapetininga, no interior de São Paulo, convence na pele da boazinha, sem ser enjoativa e açucarada em demasia. Mas o maior destaque das últimas semanas na história de Emanuel Jacobina tem sido a firme e cativante Maria Pinna na pele da determinada Babi. Com uma atuação confiante, a atriz tem roubado a cena em todas as tomadas em que aparece com seu olhar oblíquo – que tem uma leve semelhança com o da atriz Maria Fernanda Cândido.
Já os meninos deixam mais a desejar. Com trejeitos exagerados e até um pouco inseguros ao gravar mostrando preocupação com o texto decorado, muitos deles ainda têm de passar mais tempo neste celeiro de calouros. Bruno Gissoni, como o protagonista Fred, até consegue mostrar alguma desenvoltura, mas muitas vezes se perde no meio dos demais que já estão em patamares superiores.
No geral, é fácil perceber que a trama é feita para adolescentes. Chega a ser difícil prestar atenção e se interessar pelos diálogos politicamente corretos dos mais velhos e até dos jovens falando didaticamente sobre os problemas da idade. Quem tem paciência de Jó, pode até se distrair com as piadas pouco interessantes do núcleo dos adultos. Mas vai ser árduo se identificar com algumas figuras que parecem sair do túnel do tempo. Como Marcos Winter, que ressurge como o professor Odilon, com um aspecto de sobrevivente da era hippie e longos cabelos engordurados em sua fisionomia maltrapilha. Nesta caverna escura só mesmo Cris Nicolotti para salvar os mais velhos na pele da conselheira Vera, com seu sempre presente “timing” da comédia e sua constante tentativa de fazer de Malhação algo menos entediante para quem não está mais na faixa dos 16 anos de idade.
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