Benedito Rui Barbosa é descendente de italianos, portugueses, franceses com “um lance”de índio. Nasceu em 1931, na cidade de Gália, estado de São Paulo. Seu pai, Otávio Elias era tipógrafo, que conseguiu fundar o seu jornal. O pai dele, avô de Benedito, também era jornalista. A mãe de Benedito, Aurora, era filha de fazendeiros de café. Tinha apenas 14 anos quando se casou com Otávio. E com ele ficou casada quinze anos, pois Otávio morreu de repente, do coração, deixando a viúva, muito jovem, com seus filhos. Benedito era o mais velho, estava com 12 anos. A vida então foi difícil, mas a mãe enfrentou com coragem. Benedito, acostumado às discussões políticas do jornal e da livraria que o pai também tinha, era um garoto irrequieto, preocupado, inteligente, resoluto. Alfabetizou-se muito cedo, no manuseio dos tipos na tipografia. Começou cedo a trabalhar. Fazia de tudo, inclusive vender jornais no trem, em que andava de uma cidade à outra, pois não estudava na escola da cidade, e sim em Marília. Estava com 13 anos e já era “um homem”, tamanha a sua responsabilidade. Depois conseguiu emprego em uma empresa como “guarda-livros”. E ele era bom, embora tão garoto.
Aos 17 anos, porém, achando que o interior não lhe daria futuro, veio para a capital paulista, sozinho. Mas logo conseguiu emprego na matriz da mesmo empresa em que trabalhara no interior. Ali implantou seus conhecimentos de contabilidade e logo galgou um posto elevado. Ficou aí por cinco anos. Depois passou para o Banco de Boston e foi para o Paraná, mas voltou na sua empresa de origem e foi para Maringá, no Paraná, já como Gerente Contador Outra vez em São Paulo, e não querendo mais ser contador, foi trabalhar em jornal. Começou no “O Estado de São Paulo”. Depois foi para “a Última Hora”. Ali fez reportagem esportiva.
Na sequência trabalhou na “Manchete”, no Rio de Janeiro, no “Correio Paulistano”, nos “Diários Associados”. Tinha ao mesmo tempo cinco empregos. Ia bastante a teatro. E foi assistindo “Shapetuba Futebol Clube”, de Oduvaldo Viana Filho, que sentiu a grande mudança de sua vida. Ficou para o debate após a peça, e acabou fazendo amizade com o autor, que o convidou para almoçar. Desse almoço saiu com a responsabilidade de escrever uma peça de teatro. Benedito Rui Barbosa já estava casado com Marlene, a garota que conheceu num bailinho, e que era “uma garotinha”, e com ela está casado até hoje. A esposa não concordou muito com a história dele escrever peça de teatro, mesmo porque ele sentou para começar a escrever, e só levantou da máquina, alguns dias depois, com a peça terminada: “Fogo frio” .
Essa era uma estória que o autor escrevera sobre as geadas, e que pensava transformar em livro. Mas a entrega à peça foi total. E seu sucesso também, quando da exibição, bem pouco tempo depois. Estava selada a carreira de escritor e novelista. Para a TV Tupi escreveu “Meu filho, minha vida”, “Somos todos irmãos” , “Simplesmente Maria” , e outras. Para a TV Excelsior fez, com Lauro Cezar Muniz “O Morro dos Ventos Uivantes”. Escreveu a seguir a trilogia “O Tempo e o Vento”; para a TV Record, fez “Algemas de Ouro”, “A Última testemunha”: Para a TV Cultura fez, com muito amor e muito sucesso “Meu pedacinho de chão”.
Para a TV Globo escreveu grandes sucessos, como: “O feijão e o sonho”, “Cabocla” , “Sitio do Pica-pau amarelo” , “Sinha moça”. Para a Manchete escreveu a imbatível novela “O Pantanal”, novela que não tinha sido aceita pela Globo. Mas, voltou à Globo e escreveu “Renascer”, “O Rei do Gado”. Sucessos, sempre sucessos, eternos sucessos.
Por que isso ? Qual o segredo desse autor ? “É meu interesse pelo povo brasileiro, pelas coisas brasileiras, pelo interior, pela terra. pela natureza. É isso. Eu acho que é isso. E também porque sou um privilegiado, por ter nascido na família em que nasci, filho de um pai super dotado, e de uma mãe guerreira. E por amar o que faço. Amo até à loucura. Cada cena, cada personagem. Eles são tudo para mim. Meu trabalho, minha família, e Deus, que é tudo, é a grande energia, que cria o equilíbrio, é o criador de todas as coisas. O resumo de mim e de minha obra é isso, só isso. É o respeito ao meu semelhante. Minha obra é feita de respeito, e de amor”. Esse é Benedito Rui Barbosa, um homem iluminado, vibrante, jovem, eternamente jovem e eternamente vitorioso.
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